Mais um pouco sobre as Colinas dos Macacos

DOCUMENTO DE CRIAÇÃO DAS COLINAS DOS MACACOS

No Arquivo do Estado encontra-se o documento de “Confirmação de Sesmaria”, precioso para a História das Colinas dos Macacos. Ao transcrevê-lo, atualiza-se a linguagem, mantendo-se uma ou outra expressão original:

“Carta de confirmação de sesmaria de uma légua de terras de testada e uma de sertão, no Distrito da Vila de Guaratinguetá, a Manoel Rodrigues Mota.”


“Dom José, por graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, daquem e dalem mar em África, Senhor de Guiné e da Conquista, navegação e comércio de Etiópia, Arábia, Persa e Índia, faço saber aos que esta minha carta de confirmação de sesmaria virem, que por parte de Manoel Rodrigues da Mota me foi apresentada outra passada pelos Governadores Interinos das Capitanias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, do teor seguinte: Dom Frei Antonio do Desterro, Bispo do Rio de Janeiro, do Conselho de Sua Majestade – João Alberto de Castelo Branco, José Fernandes Pinto Alpoim, brigadeiro dos exércitos do dito Senhor e todos como governador das Capitanias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, fazemos saber aos que esta nossa carta de sesmaria virem, que atendendo a representar-nos por sua petição – Manoel Rodrigues da Mota – que ele se achava há dois anos e meio, pouco mais ou menos, assistindo nas paragens chamada OS MACACOS, distrito da Vila de Guaratinguetá, povoando com criação de gado vacum e cavalar, da qual multiplicação pagava dízimos a Deus Nosso Senhor. E como na dita paragem estavam as terras devolutas, sem direito senhorio, e só se achavam matos maninhos e farinais, e como não tinha outra paragem para sua assistência e criação, e achar-se casado, com filhos, e escravos sem terra para trabalhar, de que pagasse os ditos dízimos, nos pedia lho concedêssemos de sesmaria uma légua de terra de testada nas sub-quadras das terras de João Antunes Fialho, correndo do sul a norte, e duas léguas de sertão, correndo de leste a oeste, e sendo visto o seu requerimento, em que foi ouvida a Câmara de Guaratinguetá, a quem senão ofereceu dúvida, nem o Provedor da Fazenda Real da Praça de Santos, a quem se deu vista: Havemos por bem dar de sesmaria, em nome de Sua Majestade, em virtude da ordem do dito Senhor, de quinze de junho de mil setecentos e onze (15/6/1711) ao dito Manoel Rodrigues da Mota, uma légua de terras de testada, com duas de sertão, com as confrontações expressadas, e na parte acima declarada, sem prejuízo de terceiro, ou do direito que alguma pessoa tinha. Mas como declaração que as cultivará e mandará confirmar esta carta por Sua Majestade, dentro de dois anos, e não o fazendo se lhe negará mais tempo, e antes de tomar posse delas, as fará medir, e demarcar judicialmente sendo para esse efeito notificadas as pessoas com quem confrontar, e será obrigado a fazer os caminhos de sua testada, com pontes e estivas onde for necessário, e descobrindo-se nela rio caudaloso que necessite de barca para se atravessar, ficará reservado de uma das margens dele meia légua de terra em quadra para a comodidade pública, e nesta data não poderá suceder em tempo algum, pessoa eclesiástica ou religião. E sucedendo será com o encargo de pagar dízimos, e outro qualquer que Sua Majestade lhe impuzer de novo, e não o fazendo se poderá dar a quem a denunciar como também sendo o dito Senhor servido mandar fundar no distrito dela, alguma vila, o poderá fazer ficando livre e sem encargo algum, ou pensão para o sesmeiro, e não compreenderá esta vinte vieiros, ou minas de qualquer gênero de metal, se nela se descobrir, reservando também os paus reais. E faltando a qualquer da ditas cláusulas, por serem conforme as ordens de Sua Majestade, e as que dispoem a Lei e Foral das Sesmarias, ficará privado desta. Pelo que mandamos ao Ministro ou Oficial de Justiça a que o conhecimento desta pertencer, dêem posse ao dito Manoel Rodrigues da Mota, das referidas terras na forma acima declarada. E por firmeza de tudo lhe mandamos passar a presente por nós assinada, e selada com o sinete das Armas Reais, que se cumprirá como nela se contém e se registrará nesta Secretaria do Governo, e mais partes aonde tocar. Data desta cidade de São Sebastião, Rio de Janeiro, aos onze de fevereiro de mil setecentos e setenta e treis; (11/2/1773). O Secretário do Governo – Antonio da Rocha Machado o fez escrever. Bispo do Rio de Janeiro: João Alberto de Castelo Branco/José F. Pinto Alpoim. Pedindo-me o dito Manoel Rodrigues da Mota, que por quanto os ditos Governadores Interinos lhe deram uma légua de terras a duas de sertão no sitio mencionada na referida carta lhe fizesse mercê de confirmar-lhe e mandar passar-lhe a Carta de confirmação dela, e sendo visto o seu requerimento e o que sobre ele responderam os Procuradores de minha Fazenda e Coroa: Hey por bem fazer-lhe mercê de confirmar-lhe, como por esta confirmo, a dita légua de terras de testada, e duas de sertão, nas sub-quadras das terras de João Antunes Fialho, correndo de sul a norte na paragem chamada OS MACACOS – distrito da Vila de Guaratinguetá – que em seu nome lhe deram os Governadores Interinos das Capitanias do Rio de Janeiro, e Minas Gerais, na forma da carta nesta incerta, com todas as cláusulas e condições na mesma carta expressadas, e com mais o que dispõe a Lei, com declaração que nesta data, não sucederão Igrejas, nem pessoas eclesiásticas, e sendo caso que em algum tempo, de fato a possuam, serão obrigadas a pagar dízimos, e cumprir com os encargos que eu lhe quiser impor de novo. Pelo que mando ao Vice-Rei e Capitão General de Mar e Terra do Brasil, e ao Provedor da Fazenda Real da Capitania do Rio de Janeiro e aos mais Ministros, e pessoas a que tocar cumpram e guardem esta minha carta de confirmação de Sesmaria, e façam cumprir e guardar inteiramente como nela se contém, sem dúvida alguma, e pagou de novo direito quatrocentos réis, que sobrecarregarão ao Tesoureiro deles: Antonio José de Moura, a fls. 26, do Lº 10 de sua receita, como constou de seu conhecimento em forma registrado no Livro 17, do Registro Geral, a fls. 316. Dada na cidade de Lisboa, aos 21 de janeiro do Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de mil setecentos e sessenta e cinco anos. El Rei com guarda. O Secretário Joaquim Miguel Lopes de Lavre a fez. Cumpra-se como Sua Majestade manda, e registre-se onde tocar. São Paulo, 22 de abril de 1766. – D. Luiz Antonio de Souza.” (Este registro de sesmaria, foi publicado na Revista do Arquivo Municipal da Prefeitura do Município de São Paulo, em 1936 – n.º 20 – páginas 34 a 36).

OUTROS RELATOS HISTÓRICOS

“A sesmaria dos Macacos era de Manoel Rodrigues da Mota, paranaense de nascimento, era viúvo quando se casou com Rosa Maria do Amaral. Esta senhora casou-se duas vezes: a primeira com Manoel Rodrigues da Mota, a segunda com Antonio Ferreira Pinto. Do segundo matrimonio teve, além de outros, um filho que se chamou Anacleto Ferreira Pinto – um dos chefes da Revolução Liberal de 1842.
Manoel Rodrigues da Mota, no ano de 1760, andava ´assistindo´na paragem chamada OS MACACOS, onde criava gado vacum e cavalar. Ficamos sabendo então que o bairro dos Macacos existiu antes de Silveiras, que, em 1829 ainda era conhecida com o nome de Rancho das Pitas.
O valente descobridor do planalto macaqueiro, excelente para as invernadas, e que lá engordou o seu gado, nasceu em Curitiba, a 6 de maio de 1731.
Seus pais devem ter sido o Tenente Coronel Manoel Rodrigues da Mota (de quem recebeu o nome por inteiro) e Helena Rodrigues Coutinho. ´O local Macacos é de Silveiras e fica no alto da serra´.
Com 30 anos de idade o jovem Mota era um penetrador de sertões, e o destino deu-lhe a sorte e os sacrifícios de haver escolhido terras férteis na Serra da Bocaina. (Documento do Arquivo Histórico – 1936).
Esse paranaense calçou botas de bandeirante.
Era andejo, não se fixando por muito tempo num só lugar. Havia homens assim.
De Silveiras foi para o Rio de Janeiro, onde casou-se pela segunda vez e teve filhos. Desta vez é que se casou com Rosa Maria Amaral.
No arquivo da Cúria Metropolitana S. Paulo aparece uma HELENA, filha de Manoel Rodrigues da Mota e de Rosa Maria do Amaral, aquele nascido em Curitiba e esta em Campo Grande, no Rio. Helena, que se assinava Helena Rosa do Amaral, era da Freguesia de Nossa Senhora do Desterro, de Campo Grande, subúrbio do Rio de Janeiro. Helena casou-se com Bernardo Nunes de Siqueira, de Parnaíba, e ambos vieram morar em Cunha, e tiveram muitos filhos, dentre eles o Padre Manoel Nunes de Siqueira, que veio a ser Vigário de Silveiras, onde o pai lhe deu uma fazenda. Este sacerdote adotou Silveiras como sua terra, pois viveu e morreu velho e feliz entre os Silveirenses.
Voltando a Manoel Rodrigues da Mota – fundador do Bairro dos Macacos – somos forçados a acreditar que ele tenha residido no alto da Serra com a primeira mulher, filhos e escravos, sem o que não lhe dariam a sesmaria, ou muito pior, poderiam tomá-la. É certo que fundou a povoação que lá existe até hoje. Mais tarde foi, por razões desconhecidas, para o subúrbio do Rio de Janeiro – Campo Grande – com toda a família, vivendo mais uns anos e lá falecendo, depois de haver se casado pela segunda vez. Algum tempo depois sua segunda esposa casava-se em segundas núpcias. Essa segunda esposa era Rosa Maria da Amaral e seu segundo marido, Antonio Ferreira Pinto, que veio a ser pai do célebre Tenente Anacleto.
Rosa Maria do Amaral ficou com a sesmaria dos Macacos e tinha ainda a Fazenda Figueira (hoje Fazenda Pontes), bem como, residência em Lorena, onde terminou seus dias, depois de vida bem longa. Tanto ela como seu filho Anacleto, passava tempos em Silveiras, tempos em Lorena. Silveiras foi elevada a Freguesia a 9 de dezembro de 1830. A Vila foi criada a 28 de fevereiro de 1842, mas a posse da 1.ª Câmara Municipal se deu a 6 de janeiro de 1845, por causa da Revolução.

O BAIRRO DOS MACACOS EM 1890

O citado “Almanack do ano de 1890” insere na página 725 o SERTÃO DOS MACACOS. Refere-se à sua fertilidade, suas matas de cinco léguas de extensão em quadro, anexas aos Campos da Bocaina. Mais uma vez encontramos FAZENDAS DE CRIAR nesse bairro. Quanto ao clima diz: “...é o melhor possível, bastante frio, procurado por doentes dos pulmões. Contém águas férreas para convalescentes. Águas que podem mover maquinismos que demandem maior força.”
MINERAIS –
Existe no Bairro dos Macacos muito cobre e carvão, acreditando-se na existência de pedras preciosas VISTO A EXCELÊNCIA E PUREZA DE SUAS ÁGUAS (sic – página 725).

PRODUÇÃO –
Produz cereais e frutas – pêssegos, maçãs, marmelos e uva.

VINHO –
“...fabricam vinho de excelente qualidade...”

ESTRADAS –
Em 1890 sonhava-se com o prolongamento da Estrada de Ferro Central do Brasil, de Cruzeiro até Bananal, passando por Silveiras, Areias e Barreiro. Seria bitola estreita, como a velha estrada de Bananal, e mesmo a que vinha até Barreiro. E nesse caso “seria provável o prolongamento da de Manbucaba a Grota Grande, que teria necessariamente de passar por Macacos” (pagina 725 do citado Almanack). Sonhos que nunca se realizaram.

EDIFÍCIOS DE MACACOS –
A Igreja sob a invocação de Nossa Senhora do Patrocínio, foi construída por iniciativa de Antonio de Amorim.
Casas de comercio e residências dos portugueses Antonio e José Costa e dos italianos Nicolau e Francisco Calderaro.
Tanto os Costa como os Calderaro deixaram grandes descendência, tanto no bairro como na cidade de Silveiras.
Ao lado dos portugueses e italianos viviam também dos lados da Bocaina, os Hummel – alemães – e os Müller, unidos mais tarde aos Cardoso. Por isso é que encontramos muito caboclo de olhos azuis na serra.

Pousada e Restaurante Sítio do Pinhal

A Pousada e Restaurante Sitio Pinhal, está localizado na Serra da Bocaina, no Município de Silveiras onde seus proprietários , uma alegre família de moradores da zona rural recebem os visitantes com simplicidade e carinho, fazendo com que os momentos de lazer e descanso dos hospedes sejam plenos de conforto e alegria.
Os alimentos servidos na pousada e no restaurante são produzidos no próprio sítio. No Sitio existe horta orgânica e se produz queijo, pães e doces.
Com vista privilegiada, o restaurante é especializado em comida caipira preparada no fogão à lenha, começa a servir às 11 horas da manhã, atende não hospedes e permanece aberto até o ultimo cliente. Os apartamentos são simples e aconchegantes, o sitio dispõe de uma mata com trilha para os amantes da natureza e observadores da biodiversidade, flora e fauna da mata Atlântica.



I Festa dos Pinhão

Aconteceu no dia 23 de maio de 2009 e se revestiu de pleno êxito a I Festa do Pinhão das Colinas dos Macacos. A Prefeita Rosana Togeiro, o ex-Prefeito Edson Mota e o Secretário de Turismo Francisco Togeiro, fizeram o desenlace da fita inaugural às 10:00h. Foi realizada na quadra de esportes uma feira com 10 barracas nas quais os moradores e proprietários rurais realizaram a venda de pinhões crus, cozidos, assados, bolos, pudins, farinha, tortas e doces de pinhão, além de variado artesanato local. Não houve custo para utilização das barracas e a comissão forneceu aos interessados várias receitas com pinhão. No dia da 1ª Festa do Pinhão, pousadas, restaurantes e lanchonetes, serviram pratos feitos à base de pinhão. Haverá musica ao vivo durante todo o dia com Zé Procópio e Trio Sereno, Roda de Calango do Sertão e vários outros músicos locais. Os visitantes receberam folhetos com roteiro das pousadas, restaurantes e lanchonetes, indicando onde seriam servidos os pratos à base de pinhão. As crianças aprenderam com o Zé Antonio a forma correta de semear pinhões. Participaram da comissão organizadora, empresários rurais, comerciantes locais, pousadas, restaurantes e parte da população. Cumpre destacar o apoio incondicional dado pela Prefeitura Municipal de Silveiras, tanto na divulgação quanto na logística da festa.


Pontos Turísticos